sábado, 20 de setembro de 2008

Apresentação
Uma das mais conceituadas coquistas de Pernambuco, a olindense Aurinha do Coco abre 2007 festejando 25 anos de carreira com o lançamento do segundo CD solo: “Seu Grito”. Gravado no Fábrica Estúdios, no Recife, nos meses de setembro e outubro de 2006, produzido de forma independente, com patrocínio da Chesf, e distribuído pela Tratore, o disco tem 12 faixas, das quais Aurinha homenageia duas batidas do Coco: Xambá e o Coco Raiz de Olinda. O trabalho recebe a bênção de Naná Vasconcelos – padrinho artístico de Aurinha e produtor de seu primeiro CD (“Eu Avistei”, 2004) -, que assina o texto de abertura no encarte do disco.Aurinha sempre tocou o Coco Raiz, aquele tradicional, que “possui uma batida mais pisada, mais machucada e gostosa”, como ela mesma define. Mas em seu primeiro CD não foi a trabalhada. Ela utilizou a batida Xambá, que é mais rufada, mais recheada. Agora, neste segundo trabalho, ela brinca com os dois estilos.Acompanharam Aurinha na gravação de “Seu Grito” os músicos Alexandre Simpatia (pandeiro), Iran da Alfaia (alfaia), Andreza Karla (backing vocal e pandeiro), Wellington (ganzá), Moisés (percussão), Mamão (percussão) e Valéria Vanda (backing vocal), que formam a banda Rala Coco. Ainda foram convidados Isa Melo (backing vocal e direção de voz) e Viola (alfaia), percussionista de Olinda e grande conhecedor da batida tradicional do Coco, que assina a direção musical. Na faixa “Mestres da Cultura”, o som da rabeca é obra de Maciel Salu, numa participação especial do artista.Neste novo álbum, Aurinha aparece como compositora de cinco faixas. As demais são assinadas por Isa Melo, Zezinho, Luí¬s Boquinha, Tonino Arcoverde e Geraldo Lima. O nome do CD leva o mesmo título da música de trabalho. “Seu Grito” é de composição da própria Aurinha e fala de violência. Para a cantora, essa música é de extrema importância por fazer menção a um trabalho social que luta para reduzir a violência contra as mulheres. Há cinco meses, ela vem fazendo apresentações em um encontro de mestres coquistas promovido pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Olinda, num trabalho que será transformado em CD e DVD e, posteriormente, distribuído em escolas.CARREIRA - Aurinha não vem de uma família com tradição musical. Filha de um maquinista com uma dona-de-casa, na adolescência Aurinha trabalhou com o comércio em Olinda. Incentivada pelos irmãos mais velhos, aos 17 anos adentrou no mundo da música cantando em corais de música erudita.Com seu primeiro casamento, foi morar em Amaro Branco, numa colônia de pescadores que, na época, era um grande reduto do Coco Raiz. “Quando os pescadores chegavam do mar, se encontravam na colônia e participávamos todos de sambadas de cocos”, relembra Aurinha. Ao casar-se com Zezinho, filho de Selma do Coco, decidiu cantar com a sogra. Após dez anos de trabalho com Selma, Aurinha resolveu formar a sua banda – a Quebra Coco. O grupo durou apenas seis meses para dar lugar à Rala Coco, que já existe há oito anos.
Aurinha roda a saia em todos os sotaques do coco:O de RaízesO de XambáO de PraiaO de RodaO de EmboladaO de UmbigadaAurinha canta e se envolve com a maior simplicidade, Aurinha tem o dom, Aurinha tem a aura. Sua polirritmia é contagiante, todos os sotaques do coco encontram em Aurinha um porta-voz, que propaga, celebra e festeja essa riqueza multicultural que a África nos deu e que Aurinha do Coco faz com tanta dignidade.Aurinha é a primeira dama do coco.Ela raspa o cocoDo coco faz a cocadaE o resultado é a mais gostosa umbigadaDa primeira-dama, Aurinha do Coco.(NANÁ VASCONCELOS)

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