sábado, 20 de setembro de 2008

Aurinha tira o leite do coco
20/09/2003



O que são quatro meses em uma carreira de vinte anos? Para Aurinha do Coco, representa a realização de um sonho. No último quadrimestre, ela e o coquista Washington Felipe produziram e gravaram o primeiro CD do grupo Rala Coco, intitulado Eu Avistei. Um projeto independente que junta 16 composições inéditas e tem participação de convidados como Josildo Sá e Climério Santos.
“Aproveitamos para fazer homenagens a pessoas que admiramos e fizeram parte de nossa história”, diz Aurinha. Entre a lista estão o bonequeiro de Olinda Sílvio Botelho (numa canção inédita de Washington), Naná Vasconcelos (com quem Aurinha já tocou), o maestro Toni Fuscão Dias (responsável pela gravação do CD Pernambuco em Concerto e já falecido), além de Selma do Coco. “Começei tudo com ela. Ela é a rainha do coco”, reconhece.
E foi na frente da casa de Selma que o coco começou a fazer parte da vida de Aurinha, depois de participar de rodas de ciranda na Colônia Z4 de Pescadores, de Amaro Branco, Olinda. “A minha formação é erudita, participai do coral São Pedro Mártir e do Madrigal do Recife, mas o coco acabou me encantando e segui o popular”, revela. E foi mesmo com Selma que o coco passou a ser mais que brincadeira e diversão na vida de Aurinha. Ela se casou com o filho de Selma e passou a enfrentar os palcos com a cantora. “Nessa época, eu tocava percussão e assumia o palco no final do show dela”, lembra.
As duas tiveram desavenças e, hoje, não cantam mais juntas. Mas, nos shows de Aurinha, ela faz questão de deixar todos os problemas de lado para homenagear a ex-parceira. “A música que Selma faz tem a ver com as raízes do coco, então não posso deixar isso ficar de fora”, proclama.
E nem dá mesmo para as duas se desvincularem totalmente. A filha de Aurinha, e neta de Selma, Andreza, resolveu seguir as raízes familiares e, atualmente, faz persussão e voz no palco com a mãe. “Já toquei com a minha avó, com Josildo Sá e no PercPam, ao lado de Naná e Gilberto Gil”, lembra.
A presença de Andreza no palco dá ao show de Aurinha um toque de comicidade que faz o público se sentir à vontade, com brincadeiras e trocadilhos, embora elas ainda pareçam tímidas para assumir este estilo. “Como as brincadeiras podem não agradar a todos, não as pusemos no CD”, esclareceu Aurinha. Uma pena.
Além da filha, a grande parceria de Aurinha neste trabalho é o coquista Washington Felipe. Assim como elas, convive com o coco deste criança na colônia de Amaro Branco. “Tenho cinquenta e seis composições registradas, junto com Arnaldo do Coco, mas estou realmente investindo nesta união com Aurinha”, confessou Washington.
Para o lançamento, eles planejam uma grande festa, com convidados como o Samba Coco Raízes de Arcoverde, Zabumba de Mestre Chimba, Patusko e Os Caretas, de Triunfo. “Agora estamos buscando os últimos apoios para finalização do disco. Já gravamos e mixamos. É uma pena o nosso Estado não dê tanto apoio. O artista tem que despontar lá fora primeiro, isso é triste”, avalia o coquista.
Todavia, isso não impediu as homenagens da banda a Pernambuco. Na faixa Vento do Manuel, uma referência às raízes do coco e a cultura local: “Sou Leão do Norte/ da terra do frevo/ do maracatu, da ciranda de roda/ do coco de Aurinha e do Mestre Salu”.
“Nós queremos defender a cultura local, não importa o ritmo. No palco, cantamos Coco Raízes, Cascabulho, maracatu e queremos que as pessoas também cantem as nossas músicas. É assim que vamos difundir o coco”, acredita Washington.
SHOWS – Aurinha e a banda Rala Coco estará se apresentando no próximo dia 28 no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda. No evento também sobem no palco Ferrugem do Amaro Branco, Isa e a Viola e outros convidados. A festa começa às 19h e o ingresso custa R$ 3.
O grupo se prepara ainda para a vaquejada de Arcoverde, que ocorre no dia 25. Já em novembro, uma grande festa reúne os mais tradicionais nomes do ritmo do Estado, também em Arcoverde, no Encontro do Coco.
(© Jornal do Commercio-PE)

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